Djamila Ribeiro celebra trajetória consolidada como referência nas redações do Enem
Ao longo dos anos, conceitos desenvolvidos por Djamila têm sido citados em redações nota mil e trabalhados em salas de aula de todo o país
Às vésperas do primeiro dia do Enem 2025, Djamila Ribeiro utilizou suas redes sociais para celebrar uma conquista que vem se consolidando ao longo dos anos: a presença marcante de suas obras como repertório essencial para estudantes em todo o Brasil. E o tema da redação do Enem 2025 – “Perspectivas sobre o envelhecimento na sociedade brasileira” – só comprovou o impacto duradouro de seu trabalho na educação brasileira.
“Fico extremamente feliz por saber que minhas obras são repertórios de muitos estudantes pelo Brasil”, escreveu Djamila, no post do dia 9 de novembro. “Sempre quis ser uma autora presente na educação de base e uma das minhas maiores alegrias é saber que estou contribuindo para a formação de uma geração.”
Uma trajetória marcada por redações nota mil
Nos últimos anos, o nome de Djamila Ribeiro tornou-se recorrente entre os estudantes que alcançaram a nota máxima nas redações do Enem. Em 2022, Juliana Moreau de Almeida Soares, de 18 anos, natural de Minas Gerais e moradora de Itamaraju (BA), foi uma das candidatas que atingiu os 1000 pontos citando a filósofa em seu texto.
O fato se repetiu em 2023, quando Arthur Sanches Sales, de Belém (PA), e Maria Luiza Januzzi, de Valença (RJ), também gabaritaram a redação fazendo referência direta ao trabalho de Djamila. Em seus textos, os estudantes incorporaram conceitos desenvolvidos pela autora, ao escreverem que para atuar em uma situação, “deve-se, antes de tudo, tirá-la da invisibilidade”, utilizando suas reflexões sobre a importância de dar visibilidade a questões sociais negligenciadas.
Do clube de leitura à sala de aula
A influência de Djamila Ribeiro na educação brasileira vai muito além das citações pontuais nas redações. No Instagram, a autora destacou as diversas mensagens que recebe “de educadoras e educadores que, por meio dos clubes de leitura, funcionam como círculos de reverberação de ideias.”
“Minha profunda gratidão a esses espaços, pois eles foram o motor que fomentou o acesso e a democratização dos meus textos”, pontuou a filósofa.
Suas obras têm sido trabalhadas de múltiplas formas nas escolas: “Isso tem acontecido, há anos, de diversas formas artísticas: em trabalhos, exposições, danças, corais, pinturas, documentários e muito mais.”
Uma experiência recente que marcou a autora foi sua participação no projeto Combinando Palavras, em Ribeirão Preto, vinculado à Feira do Livro local. Homenageada na categoria Educação, Djamila viu mais de 1.200 estudantes da rede pública fundamentarem seus pensamentos a partir de suas reflexões. “Foi lindo!”, celebrou.
O significado da Consciência Negra
A prova do Enem, que tradicionalmente acontece em novembro, mês da Consciência Negra, traz uma dimensão especial para Djamila. “Essa prova, que acontece todo ano no mês da Consciência Negra, sempre me lembra o alcance da minha trajetória como mulher negra”, refletiu.
Para a filósofa, o reconhecimento tem um significado ainda mais profundo. “Agradeço aos educadores e educadoras por compartilharem meus trabalhos e por desenvolverem tantas ações a partir deles”, escreveu, completando: “Já fui professora de escola pública e tenho muito respeito pelo trabalho de nossos professores e professoras que, apesar de todos os desafios, seguem acreditando na educação crítica.”
Presente de Norte a Sul do país
De escolas públicas a privadas, de pequenas cidades a grandes centros urbanos, as obras de Djamila Ribeiro estão presentes na formação de estudantes em todo o território nacional. Nas redes sociais, são frequentes as trends de jovens comentando seus livros, e a cada edição do Enem a filósofa recebe uma “enxurrada de mensagens carinhosas”.
Os depoimentos compartilhados por ela revelam o impacto de seu trabalho: “Te citei em 2020 e citaria outras 1000 vezes. Passei em 2º lugar em Filosofia na UFFS”, escreveu um estudante. Outro declarou: “Citei você na minha redação do Enem também, consegui bolsa 100% para Engenharia Civil.”
“Djamila, eu te agradeço pelos seus ensinamentos!”, afirmou outro seguidor. E há ainda quem diga: “Você é referência no Enem e na vida de todas nós.”
Mensagem aos estudantes
Ao finalizar sua publicação, Djamila deixou uma mensagem de incentivo para os candidatos: “Desejo muito sucesso para vocês! Que vocês alcancem o objetivo de vocês e conquistem o direito à educação superior!”
Perspectiva confirmada em 2025
A flósofa brasileira, que atualmente leciona como professora convidada no MIT, voltou às redes nessa segunda, 11, para contar sobre o massivo número de mensagens recebidas após a prova do dia 10. Djamila teve suas reflexões sobre interseccionalidade e envelhecimento da população negra amplamente citadas pelos candidatos. Afinal, o tema “Perspectivas sobre o envelhecimento na sociedade brasileira” dialoga diretamente com seu último livro, Cartas para minha avó, e com um dos textos de sua coluna na Folha de S. Paulo, publicado em setembro último.
Nas redes sociais, a autora celebrou o fato de que suas reflexões sobre a questão serviram de repertório para milhares de estudantes em todo o país.
“É com o coração transbordando de alegria e gratidão que recebo as milhares de mensagens de todo o país. No TikTok, sobretudo, está lindo de ver!”, comemorou.
Uma reflexão antecipada
Em sua coluna na Folha de S.Paulo, publicada em 11 de setembro de 2025, a filósofa abordou exatamente como as discriminações raciais afetam profundamente o envelhecimento da população negra. “Trata-se de uma questão fundamental: a impossibilidade de envelhecer com a devida qualidade de vida”, escreveu à época.
No texto intitulado “A idade é só um número?”, Djamila destacou que “em muitos lugares, envelhecer com qualidade de vida é praticamente um milagre”, oferecendo aos estudantes uma perspectiva interseccional urgente e indispensável para o debate sobre o ato de envelhecer.
Nas palavras de Djamila, o tema relacionado ao envelhecimento representa “a maior homenagem” que ela pode receber “como escritora e mulher negra”.
“Vocês acertaram ao usar a visibilidade como ferramenta de mudança”, pontuou a filósofa, dirigindo-se aos estudantes. “O ato de envelhecer, muitas vezes invisibilizado ou retratado sob estereótipos, clama por ser visto em toda a sua complexidade, beleza e dignidade.”
Conexão com “Cartas para a minha avó”
Djamila também destacou a conexão entre o tema da prova e seu livro “Cartas para a minha avó”, onde reflete sobre o poder do tempo e da memória, revisitando sua infância e adolescência para discutir temas como ancestralidade negra e os desafios de criar filhos numa sociedade racista. O relato se dá na forma de cartas a sua saudosa avó Antônia ― carinhosa e amorosa, conhecedora de ervas curativas e benzedeira muito requisitada.
Em um trecho citado no post, a autora escreveu: “Essa imagem da mulher negra forte é muito cruel. As pessoas se esquecem de que não somos naturalmente fortes. Precisamos ser porque o Estado é omisso e violento. Restituir a humanidade também é assumir fragilidades e dores próprias da condição humana. Somos subalternizadas ou somos deusas. E pergunto: quando seremos humanas?”
A conexão com o tema da redação do Enem permite questionar os estereótipos que impedem uma visão humana e complexa em relação às pessoas idosas, especialmente quando se fala de mulheres negras.
A essência da dignidade
“Essa é a essência: tornar a vida da nossa população mais velha visível é fundamental para a construção de um futuro justo”, afirmou Djamila em seu post de segunda-feira, ecoando os argumentos que estudantes utilizaram em suas redações.
A filósofa fez questão de celebrar cada estudante que utilizou seu trabalho como referência: “Parabéns a cada estudante que deu o seu melhor. Estou na torcida por vocês, vibrando com cada citação e cada pensamento que se expande. O meu muito obrigada por todo o carinho e por fazerem a minha voz ecoar em um palco tão importante para a educação brasileira. Vocês são incríveis!”
Mensagens dos estudantes
As redes sociais foram tomadas por depoimentos de candidatos que utilizaram as obras de Djamila no Enem 2025. “Citei a pensadora Djamila Ribeiro em minha redação”, escreveu um estudante. Outro afirmou: “Usei o repertório da Djamila Ribeiro e estou super confiante!!!”
“Djamila Ribeiro está na minha introdução!”, comemorou uma candidata. Outro declarou: “Eu 💛 Djamila Ribeiro.”
Em outras mensagens, estudantes foram ainda mais enfáticos: “Citar a Djamila na redação foi ABSOLUTE CINEMA”, “Usei você como repertório”, “Obrigada por tudo, Djamila!” e “A aprovação vai vir com TUDO!”, decretou um seguidor, confiante.
Torcida para o segundo dia
O segundo dia de provas está marcado para o próximo domingo (16), e Djamila finalizou sua mensagem nas redes com um incentivo aos jovens: “Estou torcendo muito por vocês! Avante! 💚🏹”
A conexão entre o trabalho intelectual de Djamila Ribeiro e o tema proposto pelo Enem 2025 demonstra como suas reflexões sobre interseccionalidade, racismo e invisibilidade social têm se tornado fundamentais para a formação crítica da juventude brasileira, estabelecendo a filósofa como uma das principais referências da educação no país.
Veja o post do dia 9:
Ver essa foto no Instagram
Veja o post do dia 11:
Ver essa foto no Instagram
Artigos Relacionados
1 de novembro de 2025
Obra de Djamila Ribeiro é destaque no Clube do Livro de Dua Lipa
21 de dezembro de 2022
Djamila Ribeiro lança novo website
21 de dezembro de 2022
Djamila Ribeiro é capa da Forbes Life
