“Perigo é o machismo impune”: Djamila Ribeiro desmonta lógica inversa da violência de gênero
Em post publicado no último dia 11, Djamila Ribeiro propôs uma análise crítica sobre como a cultura ocidental historicamente inverteu a lógica da violência de gênero. Partindo de uma famosa citação do dramaturgo britânico William Congreve — que afirmava não haver fúria comparável à de uma “mulher desprezada” —, a filósofa brasileira desconstruiu o mito da histeria feminina para apontar os verdadeiros autores da violência letal: os homens.
Na postagem, que repercutiu amplamente, a autora confrontou a ficção literária com a realidade das delegacias e noticiários brasileiros. “Não são mulheres em fúria que enchem delegacias, necrotérios e manchetes. São homens”, escreveu Djamila, ressaltando que a incapacidade masculina de lidar com a rejeição é o verdadeiro estopim para tragédias.
A análise através de Beauvoir
Para explicar o fenômeno psicossocial por trás do feminicídio, Djamila recorreu ao pensamento da filósofa existencialista francesa Simone de Beauvoir. A publicação destaca como Beauvoir já havia identificado o “delírio” de homens que se veem como semideuses diante das mulheres, utilizando a agressividade para reafirmar uma virilidade frágil.
“Ninguém é mais arrogante em relação às mulheres (…) do que o homem que duvida de sua virilidade”, diz a frase de Beauvoir destacada na imagem que ilustra a reflexão. Djamila complementa o raciocínio com uma constatação sobre o comportamento masculino diante da perda de controle: “Quando esse pedestal imaginário racha, ele não desce. Ele ataca”, pontuou a filósofa brasileira.
Informação como resistência
Diante de um cenário onde manchetes de jornais estampam diariamente casos de feminicídios cometidos por ex-companheiros, a presidente do Instituto Feminismos Plurais apontou a urgência de instrumentalizar as mulheres.
“Repetir ditados ultrapassados é mais que ignorância: é cumplicidade”, afirmou, convocando a sociedade a inverter a lógica: o perigo real é o machismo que segue impune.
Como forma de enfrentamento prático, Djamila reforçou a importância da cartilha “Será que é amor? Enfrentamento à violência contra as mulheres”. A publicação, produzida pelo Instituto Feminismos Plurais, serve como um guia para identificar sinais de relacionamentos abusivos antes que evoluam para agressões físicas ou letais. A obra se coloca, nas palavras da filósofa, como um “instrumento de resistência” para desmascarar a violência e proteger vidas.
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Onde baixar: Link na bio do Instagram do Instituto Feminismos Plurais
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Versão física: Disponível na sede do Instituto Feminismos Plurais, que fica na Avenida Chibarás, 666, em Moema, na Zona Sul de São Paulo.
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