Professora Djamila Ribeiro no ‘Sem Censura’: “lugar de fala não é interdito, é convite ao diálogo plural”

Na última segunda-feira (19 de maio de 2025), a professora Djamila Ribeiro foi uma das convidadas do programa Sem Censura, da TV Brasil, onde falou sobre sua trajetória na luta antirracista e o crescente alcance internacional de sua obra.
Seu livro Lugar de fala foi lançado no ano passado para o público de língua inglesa, sob o título Where We Stand (Yale University Press). Além disso, após lecionar, em 2024, por um semestre na Universidade de Nova York (NYU), a escritora e filósofa se prepara para assumir, no próximo semestre, o cargo de professora convidada no Massachusetts Institute of Technology (MIT), líder do ranking de melhores universidades do mundo. Djamila é a primeira brasileira a lecionar no MIT, em programa que homenageia Martin Luther King.
Outras obras de Djamila, como Cartas para minha avó (Companhia das Letras), seu mais recente trabalho, estão ganhando o mundo, com traduções para o italiano e o francês.
‘Lugar de fala’ no Sem Censura
Durante a conversa com a apresentadora Cissa Guimarães, Djamila ressaltou a importância do conceito que dá nome ao livro para a ampliação do debate racial no Brasil.
“Lugar de fala não significa que só negro pode falar de racismo. Muito pelo contrário. Todos têm lugar de fala”, destacou, complementando: “Então, não é o que se fala. É de onde se fala. Ou seja, podemos falar sobre tudo, só que falaremos de lugares diferentes. Porque se você é uma mulher branca e eu sou uma mulher negra, você parte de um lugar social diferente do meu. Isso influencia na forma como cada uma vivencia e compreende o mundo”, explicou.
A coordenadora da coleção Feminismos Plurais também destacou que o debate sobre racismo precisa ser crítico e coletivo: “Se há um grupo sendo discriminado, há um grupo que discrimina. É importante que o grupo que, historicamente, se beneficiou da opressão compreenda o que isso significa”, assinalou.
Djamila Ribeiro lembrou que a branquitude deve ser compreendida como um local de construção histórica de privilégios, dentro do racismo que estruturou a sociedade brasileira, e não como algo natural.
“O que significa quase quatro séculos de escravidão nesse país? Uma escravidão que foi a base da economia brasileira e que empobreceu a população negra. Após a abolição, não houve nenhum tipo de política de reparação”, observou.
A professora convidada do MIT reforçou que o objetivo do conceito de lugar de fala é ampliar, e não restringir o debate: “Não tem nada a ver com o interdito. Pelo contrário: é preciso ampliar e trazer essas múltiplas visões de mundo, para que possamos enriquecer como sociedade”, finalizou.
O novo Sem Censura
O programa Sem Censura, que integra a grade da TV Brasil desde 1985, voltou ao ar no ano passado, em formato diário e ao vivo, sob o comando de Cissa Guimarães. Com 40 anos de história, a atração retorna às origens oferecendo entrevistas, debates e reflexões sobre temas centrais da sociedade brasileira, agora com transmissão também pelas plataformas digitais da emissora.
Também participaram como convidados desta edicção do programa o ator Marcelo Faria, a oftalmologista Andressa Guimarães e a atriz Luana Xavier.
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