Professora Djamila Ribeiro se emociona ao encontrar Vovó Cici em Salvador durante eventos do Julho das Mulheres Negras

“Pedir a benção a Vovó Cici foi um presente”, declarou a Professora Djamila Ribeiro, visivelmente emocionada, após encontrar a égbomi do Ilê Axé Opô Aganjú, Nancy de Souza e Silva, mais conhecida como Vovó Cici de Oxalá, durante o evento Mulheres Negras em Movimento, em Salvador, no último dia 28 de julho.
A contadora de histórias e liderança do Candomblé participou de uma mesa logo após a filósofa brasileira e fez questão de abençoá-la com uma reza. O gesto marcou profundamente Djamila: “Sendo eu uma mulher que escreve sobre orixás, Vovó Cici é uma grande inspiração e fonte de conhecimento. Sinto uma gratidão imensa por ter vivido esse momento”, escreveu a professora em suas redes sociais.
A presença de Vovó Cici simbolizou, no palco e na plateia, a força dos saberes ancestrais que as mulheres negras carregam. Aos 82 anos, a mestra da tradição iorubá e pesquisadora da Fundação Pierre Verger é reconhecida por seu trabalho na transmissão oral de histórias afro-brasileiras e no cuidado com a memória cultural do povo de santo.
Iniciada para Oxalá em 1972, Vovó Cici já foi assistente direta do etnólogo Pierre Verger e é autora do livro Cozinhando Histórias, no qual combina receitas, mitos e memórias do Candomblé. Em 2022, ela recebeu o título de cidadã soteropolitana pela Câmara Municipal de Salvador.
O encontro entre as duas intelectuais ocorreu durante o Circuito Mulheres Negras em Movimento, realizado pela Prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult). A primeira edição do projeto, que integra a agenda do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho), foi institucionalizada como política pública e passa a ser anual.
“Estar em Salvador é simbólico. Essa cidade traz tantas mulheres referências na luta, como Maria Felipa e tantas contemporâneas. É uma alegria imensa fazer parte desse movimento”, disse Djamila durante o painel mediado pela jornalista Silvana Oliveira.
A filósofa também destacou a necessidade de ações permanentes de enfrentamento ao racismo: “As mulheres negras estão em movimento em todas as áreas da sociedade, mas precisam ser vistas e apoiadas para que possamos avançar coletivamente”.
Dias antes, no dia 25 de julho, Djamila participou do Encontros Negros – Especial 25 de Julho, na Biblioteca Central do Estado da Bahia. O evento gratuito, organizado pela produtora cultural Umbu Comunicação & Cultura, reuniu público lotado em uma roda de conversa com o tema “Por que lutamos?”.
Mediado pela jornalista baiana Val Benvindo, o debate buscou refletir sobre ancestralidade, resistência e protagonismo das mulheres negras nas Américas. “Esses encontros reafirmam nossa força coletiva e mostram que lutar contra o racismo estrutural é urgente”, afirmou Djamila, reforçando a urgência de ações coletivas e contínuas contra a desigualdade racial.
A agenda do Julho das Mulheres Negras em Salvador incluiu ainda saraus, oficinas e visitas guiadas em espaços culturais da cidade. No Mulheres Negras em Movimento, as atividades ocuparam a Casa das Histórias de Salvador, a Galeria Mercado e o Arquivo Público do Estado, sempre com acessibilidade em Libras e audiodescrição.
Lugar de Fala
Em Lugar de Fala, a professora Djamila Ribeiro reflete sobre a importância de reconhecer quem tem legitimidade para narrar histórias e produzir conhecimento a partir de experiências próprias. Na obra, a filósofa brasileira lembra que falar a partir das mulheres negras é uma premissa importante do feminismo negro. O encontro com Vovó Cici reforça essa perspectiva.
O dia 25 de Julho também marca o Dia Municipal da Mulher Negra em Salvador e o Dia Nacional de Tereza de Benguela.
Os organizadores do Encontros Negros já confirmaram que a próxima edição acontecerá ainda este ano, em novembro, durante o mês da Consciência Negra.
Confira abaixo as publicações no Instagram sobre os eventos:
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