Djamila Ribeiro

Estudantes gabaritam redação do Enem 2023 citando Djamila Ribeiro

Reportagem do G1 mostra algumas redações que alcançaram a nota máxima do Enem 2023, e, em pelo menos duas delas, o livro “Pequeno Manual Antirracista”, de Djamila Ribeiro, aparece como referência para o tema ‘Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil’. A estudante Maria Luiza Januzzi, de 17 anos, da cidade de Valença, no estado do Rio de Janeiro, cita a filósofa brasileira logo na primeira linha da prova. Escreve ela:

De acordo com a pensadora brasileira Djamila Ribeiro, o primeiro passo a ser tomado para solucionar uma questão é tirá-la da invisibilidade. Porém, no contexto atual do Brasil, as mulheres enfrentam diversos desafios para que seu trabalho de cuidado seja reconhecido, gerando graves impactos em suas vidas, como a falta de destaque. Nesse sentido, essa problemática ocorre em virtude da omissão governamental e da influência midiática”.

Maria Luiza, que é estudante da rede pública estadual, desenvolve seu raciocínio cobrando do Estado uma maior valorização salarial da profissão e alertando para o papel da mídia “no fortalecimento de uma mentalidade social machista no país”, o que, segundo ela, leva ao silenciamento da população feminina a partir da lógica do patriarcado, propagadora da “ideia de que essa função (de cuidadora) é sua, e somente sua, obrigação”.

Ao final, citando novamente Djamila, Maria Luiza conclui que a retirada das mulheres cuidadoras do cenário de invisibilidade está relacionada à garantia, por parte do poder público, de “apoio psicológico e financeiro, por meio de investimentos e pelo exercício das leis, a fim de sanar a vulnerabilidade socioeconômica existente no cotidiano desses grupos”.  Em paralelo a isso, sugere a jovem, “os meios de comunicação precisam combater a lógica de inferioridade e a concepção machista agregadas a este trabalho”.

O estudante paraense Arthur Sanches Sales, de 18 anos, também menciona Djamila Ribeiro em sua redação “Nota Mil”. Morador de Belém, o jovem cita o mesmo trecho de ‘Pequeno Manual Antirracista’:

A esse respeito, a ilustre filósofa Djamila Ribeiro defende que, para atuar em uma situação, deve-se, antes de tudo, tirá-lo da invisibilidade. Entretanto, o panorama nacional destoa do pensamento da autora, já que o alto índice de empregadas domésticas em condições ocupacionais precárias não é enxergado pelo círculo social, de modo que discussões sobre essa questão não sejam priorizadas, dificultando intervenções nesse problema. Então, essa nebulosidade prescisa ser exposta para conscientizar a sociedade”, escreveu Arthur.

Ele também fala da marginalização do Estado em relação às cuidadoras, afirmando que “a conduta governamental necessita ser reformulada para assegurar os direitos dessas profissionais”.

Em seu parágrafo final, o paraense sugere que, para trazer à tona o problema, o governo federal deve “propagar dados e pesquisas que revelem a gravidade do esquecimento sofrido pelas cuidadoras, por meio de plataformas midiáticas de destaque, a fim de atingir o maior contingente possível e conscientizá-lo”. E conclui que cabe ao Ministério Público “cobrar do Governo Federal ações efetivas de proteção ocupacional às empregadas domésticas, com o intuito de promover o labor digno a esses indivíduos”.

Confira as redações citadas na matéria do G1.

 

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